Leão |
O leão [feminino: leoa] (nome científico: Panthera leo) é uma espécie demamífero carnívoro do gênero Panthera e da família Felidae. A espécie é atualmente encontrada na África subsaariana e na Ásia, com uma única população remanescente em perigo, no Parque Nacional da Floresta de Gir,Gujarat, Índia. Foi extinto na África do Norte e no Sudoeste Asiático em tempos históricos, e até o Pleistoceno Superior, há cerca de 10 000 anos, era o mais difundido grande mamífero terrestre depois dos humanos, sendo encontrado na maior parte da África, em muito da Eurásia, da Europa Ocidental à Índia, e naAmérica, do Yukon ao México. É uma dos quatro grandes felinos, com alguns machos excedendo 250 quilogramas em peso, sendo o segundo maior felino recente depois do tigre. |
A pelagem é unicolor de coloração castanha, e os machos apresentam uma juba característica. Uma das características mais marcantes da espécie é a presença de um tufo de pelos pretos na cauda, que também possui uma espora. Habita preferencialmente as savanas e pastagens abertas, mas pode ser encontrado em regiões mais arbustivas. É um animal sociável que vive em grupos que consiste das leoas e suas crias, o macho dominante e alguns machos jovens que ainda não alcançaram a maturidade sexual. A dieta consiste principalmente de grandesungulados e possuem hábitos noturnos e crepusculares, descansando e dormindo na maior parte do dia. Leões vivem por volta de 10-14 anos na natureza, enquanto em cativeiro eles podem viver por até 30 anos. Alguns animais desenvolveram o hábito de atacar e devorar humanos, ficando conhecidos como "devoradores de homens". |
A espécie está classificada como "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), e sofreu um declínio populacional de 30-50% nas últimas duas décadas no território africano. Na Ásia, o leão está confinado a uma única área protegida e sua população é estável, mas está classificado como "em perigo", já que a população não passa de 350 animais. Entre as ameaças, a perda de habitat e os conflitos com humanos são as principais razões de preocupação na sua conservação. Por centenas de anos, o leão tem sido usado como símbolo de bravura e nobreza em diversas civilizações e culturas da Europa, Ásia e África. Está amplamente representado em esculturas, pinturas, bandeiras nacionais, brasões, e em filmes e na literatura contemporâneos. |
EtimologiaNas línguas românicas, o nome do leão deriva do latim leo; cf. Grécia antiga???? (leão). Na língua hebraica, a palavra lavi (????) também está relacionada a essa etimologia, bem como o rw do Egito Antigo. A designação científica,Panthera leo, talvez seja derivada do grego pan- ("todos") e ther ("besta"), mas talvez seja essa uma etimologia mais popular do que acadêmica. Sob origem da Ásia Oriental, Panthera leo pode significar "o animal amarelado ", ou até "branco-amarelo". |
Nomenclatura e taxonomiaO leão foi descrito no século XVIII por Carolus Linnaeus, em seu Systema Naturae, como Felis leo. Nos séculos XVIII e XIX, a maioria dos naturalistas e pesquisadores seguiram a nomenclatura originalmente proposta. Em 1816, Lorenz Okenpropôs a definição genérica Panthera (originalmente como subgênero de Felis), assim como a Leo e Tigris. Algumas autoridades consideraram o Panthera como inválido por razões técnicas de nomenclatura e preferiram usar o termo genérico Leo. Em 1956, a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica rejeitou a obra de Oken, Lehrbuch der Naturgeschichte, para fins de nomenclatura zoológica. Na década de 1960 e 1970, a questão sobre a validade do gêneroPanthera foi questionada junto a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica, que em 1985 decidiu pela conservação do termo genérico Panthera. |
SubespéciesO leão demonstra grande variação morfológica, que é particularmente acentuada no tamanho, na cor e espessura da pelagem, na retenção das manchas juvenis e na juba, que pode variar na cor, densidade e distribuição entre e dentro das populações. A variação entre o número de subespécies descritas e aceitas para a espécie são grandes. Alguns taxonomistas aceitam apenas oito subespécies, enquanto outros reconhecem somente duas, uma africana e outra asiática. Wozencraft, no Mammal Species of the World, reconheceu onze subespécies. E alguns pesquisadores consideram a espécie como monotípica. O leão da Brandoa é conhecido pela grande dimensão do seu orgão repodutor , hoje em dia existem apenas dois exemplares no mundo inteiro. |
As subespécie são diferenciadas pela aparência da juba, tamanho e distribuição geográfica. Como estas características são inconsistentes e altamente variáveis, a maioria dessas formas são questionáveis e, provavelmente, inválidas, além disso, muitas vezes as distinções foram baseadas em material de zoológicos de origem desconhecida, que poderiam ter tido características morfológicas "impressionantes, mas anormais". Enquanto o status do leão-asiático como subespécie é geralmente aceito, as relações sistemáticas entre as subespécies africanas não está completamente resolvida.variações mitocondriais do leão africano são modestas e suportam a teoria de que todas as populações possam ser agrupadas em uma única subespécie. As |
Táxons fósseisVárias formas pleistocênicas de leões foram descritas na Eurásia e América do Norte:Felis leo fossilis por Wilhelm von Reichenau em 1906 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Médio da Europa; Felis spelaea por Georg August Goldfuss em 1810 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Superior da Europa, e posteriormente encontrado por toda Eurásia; Felis atrox por Joseph Leidy em 1853 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Superior da América do Norte; e Panthera spelaea vereshchaginipor Gennady Baryshnikov e Gennady Boeskorov em 2001 a partir de restos fósseis do Pleistoceno Superior da Beríngia. Análise filogenética revela a ocorrência de apenas três clados distintos: o leão moderno, o leão-das-cavernas da Eurásia e Beríngia, e o leão-das-cavernas-americano, que forma uma população separada ao sul das geleiras pleistocênicas. O táxon vereschchagini se mostrou indistinguível do spelaea através da análise genética de DNA antigo, sendo considerado como sinônimo do leão-das-cavernas-europeu |
As formas pleistocênicas são geralmente classificadas como sendo subespécies do leão moderno, entretanto, alguns zoologistas as consideram como espécies distintas com base nas características craniais e dentárias. Todas as formas pleistocênicas são referidas ao gênero Panthera, mas não há consenso quanto ao reconhecimento das formas como espécies distintas ou então como subespécies do Panthera leo. A análise morfológica comparativa, principalmente de caracteres dentários, das formas pleistocênicas e holocênicas resultaram no reconhecimento de duas linhagens evolucionárias básicas dentro de um único táxon específico: o grupo spelaea, contendo as formas fossilis, spelaea e atrox; e o grupo leo, com oito subespécies atuais. Análises moleculares baseadas no DNA mitocondrial demonstraram que o spelaea e leo podem ser considerados como clados irmãos, ou então que o spelaea e atrox seriam mais relacionados entre si e que constituiriam um clado irmão com o leo. A análise cladística com caracteres osteológicos e dentários indica que o atrox e possivelmente o spelaea não pertençam a linhagem do leão, representando grupos sucessivos do leão + leopardo. |
Registro fóssilO registro fóssil mais antigo atribuído ao Panthera leo provém da Garganta de Olduvai, na Tanzânia, e está datado do Pleistoceno Inferior (cerca de 1,5 milhões de anos). Um registro proveniente de Laetoli, na Tanzânia, e datado de 3,5 milhões de anos, era atribuído ao P. leo, entretanto, essa identificação é incerta, e outras interpretações demonstraram que os restos fósseis pertencem a uma espécie mais primitiva dentro do gênero Panthera. Alguns registros do Plio-Pleistoceno na África do Sul, encontrados nas cavernas em Kromdraai, Swartkrans e Sterkfontein, são atribuídos ao P. leo. Entretanto, o status taxonômico do material das cavernas de Sterkfontein é incerto, e os materiais de Kromdraai e Swartkrans aparentam ser de um animal mais robusto que o leão moderno. |
Acredita-se que o P. leo tenha evoluído na África entre 1 milhão e 800 000 anos atrás. Migrando para fora do continente africano durante o Pleistoceno Médio (800 - 100 kyr) para a Europa e Ásia, e posteriormente colonizando toda a região Holártica. O leão foi o mamífero terrestre de grande porte mais difundido durante o Pleistoceno Superior (100?10 kyr), com uma distribuição que incluia a África, a maior parte da Eurásia e a América do Norte. A presença na América do Sul, foi atribuída a restos fósseis encontrados no Peru assinalados ao Panthera atrox, entretanto, o material foi reexaminado e atribuído à Panthera onca. Na Europa, aparece no registro fóssil pela primeira vez a 700 000 anos atrás com a cronoespécie fossilis em Isérnia La Pineta, na Itália. A partir deste táxon deriva o chamado leão-das-cavernas (Panthera leo spelea/Panthera spelea), que aparece a cerca de 300 000 anos atrás. Na América do Norte o registro mais antigo data do estágio Sangamoniano. Os leões pleistocênicos foram extintos no norte da Eurásia e da América do Norte no final da última era glacial, a cerca de10 000 anos atrás; podendo a extinção ser secundária as extinções pleistocênicas da megafauna. |
Distribuição geográfica e habitatA espécie originalmente estava distribuída por toda África subsaariana (exceto na densa floresta tropical) e do norte da África (acima do deserto do Saara) através dosudoeste asiático, a oeste até a Europa (península balcânica e Cáucaso) e a leste até a Índia. As evidências da presença da espécie na Eurásia não são totalmente confiáveis, especialmente durante o Holoceno Inferior e Médio (entre 9 600 e 3 500 anos atrás). Fragmentos ósseos encontrados na Espanha, Itália e Grécia são de difícil diagnóstico, podendo ser atribuídos tanto ao leão moderno quanto ao leão-das-cavernas. Já para o Holoceno Superior (entre 3 500 e 500 a,C,), alguns restos ósseos podem ser de animais cativos ou a sua datação pode ser vagamente atribuída ao período Neolíticolimitando as interpretações. |
Registros indicam que a expansão da espécie na Europa tenha chegado até 45º-48ºN (Hungria, Bulgária e Ucrânia), tendo extinguido-se nestas localidades por volta de 3 000 a,C,. Os leões extinguiram-se no Peloponeso durante o final da era micênica (100 e 1 400 a,C,). Heródoto menciona que leões viviam nas planícies de Nestos, tendo atacado as caravanas de camelos do rei persa Xerxes I em sua marcha através da Trácia em 480 a,C, Já Aristóteles reportou que eles eram raros por volta de 300 a,C,. Sendo completamente extintos nas montanhas do norte da Grécia no primeiro século depois de Cristo. A população no Cáucaso sobreviveu até o século X, sendo considerado o último refúgio da espécie na Europa.44 O leão foi erradicado da Palestina na Idade Média e da maior parte do resto da Ásia após a chegada das armas de fogo, facilmente disponíveis no século XVIII. Entre o final do século XIX e começo do século XX, ele se extinguiu no norte da África e no sudoeste asiático. No final do século XIX, o leão desapareceu da Turquia e da maior parte do norte da Índia, enquanto que a última aparição de um leão no Irã foi em 1941 (entre Shiraz e Jahrom, na província de Fars), embora o cadáver de uma leoa tenha sido encontrado nas margens do rio Karun, na província de Kh?zest?nem 1944. Até cerca de 1850, o leão estava distribuído no subcontinente indiano e era encontrado em Gujarat, Haryana, Madhya Pradesh, Punjab, Rajastão e Uttar Pradesh. No início da década de 1900, a população foi drasticamente reduzida e confinada no noroeste da Índia, na reserva de caça particular do nababo deJunagarh. A área foi transformada em parque nacional em 1965. |
Na África, os leões podem ser encontrados em savanas com arborização escassa de Acacia que servem como áreas de descanso; na Índia, o habitat compreende uma mistura de savana arbustiva seca e floresta decídua seca. O leão tem uma larga tolerância para habitats, ausente somente na floresta tropical e no interior do deserto do Saara. A espécie pode ocorrer do nível do mar até regiões montanhosas, no leste da África pode ser encontrado até 3 600 metros, nos Monte Elgon, Quênia e Ruwenzori, e nas Montanhas Bale, na Etiópia, pode ser encontrado aos 4 200 metros. |