Henri Dominique LacordaireHenri Lacordaire, de seu nome completo Jean-Baptiste-Henri Dominique Lacordaire, foi um religioso dominicano, nascido a 2 de maio 1802 emRecey-sur-Ource (Côte-d'Or, Borgonha), e falecido a 21 de novembro 1861 em Sorèze (Tarn). Foi padre, jornalista, educador, deputado e académico, sendo considerado como um precursor do catolicismo moderno e restaurador em França da Ordem dos Pregadores. |
Lacordaire e a Ordem dos PregadoresA Ordem dos Pregadores (ou Dominicanos), nasceu em 1215, fundada por Domingos de Gusmão, e foi suprimida em França em 1790 na sequência da Revolução Francesa. O interesse de Lacordaire por esta ordem religiosa explica-se pela própria missão e carisma da Ordem que era o de pregar e ensinar, bem como pelas regras de funcionamento, pois que todas as autoridades internas dos dominicanos se baseiam em estruturas democraticamente eleitas e com mandatos previamente limitados temporalmente. Foi a partir de 1836 que Lacordaire assume o projecto de restabelecer a Ordem em França. Com esse objectivo utilizará uma estratégia que se poderá qualificar de "moderna", na medida em que se baseava sobretudo no apoio da opinião pública, bem como na defesa dos direitos do homem e da liberdade de associação. |
Esta restauração dominicana passará pela fundação de vários conventos:
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Lacordaire exercerá igualmente uma forte influência em Jean-Charles Prince e Joseph-Sabin Raymond, dois religiosos canadianos que estarão na origem da chegado dos dominicanos aoCanadá, bem como sobre importantes figuras como Antônio Frederico Ozanam, fundador das Conferências de São Vicente de Paulo. Tendo sido eleito em 1830 para o parlamento francês, proferiu diversos discursos inflamados em defesa da liberdade de expressão e de associação, sempre vestido de frade dominicano, o que provocou fortes reacções junto dos seus adversários. Foi também um prolixo escritor e conferencista, destacando-se as suas prédicas na Catedral de Notre Dame de Paris, bem como o seu livro História de São Domingos traduzido em várias línguas, que causou um profundo impacto, levando outras regiões da Europa a encetar movimentos de restauração da Ordem Dominicana onde tinha sido extinta. Escolhido para a Academia Francesa, ali apenas proferiu o seu discurso de aceitação, falecendo pouco depois. |
Elementos biográficos
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LACORDAIRE ESPIRITISMO Em junho de 1853, quando as mesas girantes e falantes agitavam os salões da Europa, depois de terem assombrado a América, em missiva a Mme. Swetchine, datada de Flavigny, ele escreveu: "Vistes girar e ouvistes falar das mesas? _ Desdenhei vê-las girar, como uma coisa muito simples, mas ouvi e fiz falar.Elas me disseram coisas muito admiráveis sobre o passado e o presente. Por mais extraordinário que isto seja, é para um cristão que acredita nos Espíritos um fenômeno muito vulgar e muito pobre. Em todos os tempos houve modos mais ou menos bizarros para se comunicar com os Espíritos; apenas outrora se fazia mistério desses processos, como se fazia mistério da química; a justiça por meio de execuções terríveis, enterrava essas estranhas práticas na sombra.Hoje, graças à liberdade dos cultos e à publicidade universal, o que era um segredo tornou-se uma fórmula popular. Talvez, também, por essa divulgação Deus queira proporcionar o desenvolvimento das forças espirituais ao desenvolvimento das forças materiais, para que o homem não esqueça, em presença das maravilhas da mecânica, que há dois mundos incluídos um no outro: o mundo dos corpos e o mundo dos espíritos."O missivista era Jean-Baptiste-Henri Lacordaire, nascido em 12 de maio de 1802, numa cidade francesa perto de Dijon. |
A despeito de seus pais serem religiosos fervorosos, o jovem Lacordaire permaneceu ateu até que uma profunda experiência religiosa o levou a abraçar a carreira de advogado, na Teologia.Completando os estudos no Seminário, na qualidade de professor pôde constatar o relativo descaso dos seus estudantes pela religião. No intuito de despertar a afeição pública para a Igreja, como colaborador do jornal L'Avenir, passou a lutar pela liberdade daquela da assistência e proteção do Estado.Vigário da famosa Catedral de Notre-Dame, em Paris, a força da sua oratória atraía milhares de leigos para o culto.Em 1839 entrou para a Ordem Dominicana na França, trabalhando pela sua restauração, desde que a Revolução Francesa a tinha largamente subvertido.Discípulo de Lamennais, preocupou-se em afirmar que a união da liberdade e do Cristianismo seria a única possibilidade de salvação do futuro. Cristianismo, por poder dar à liberdade a sua real dimensão e a liberdade, por poder dar ao Cristianismo os meios de influência necessários para isto. Insistia que o Estado devia cercear seu controle sobre a educação, a imprensa, e trabalho de maneira a permitir ao Cristianismo florescer efetivamente dentro dessas áreas Foi Membro da Academia Francesa e o Codificador inseriu artigo a seu respeito na Revista Espírita de fevereiro de 1867, seis anos após a sua desencarnação, que se deu em 21 de novembro de 1861. Nele, reproduz extrato da correspondência que inicia o presente artigo, comentando: "Sua opinião sobre a existência e a manifestação dos Espíritos é categórica. Ora, como ele é tido, geralmente, por todo o mundo, como uma das altas inteligências do século, parece difícil colocá-lo entre os loucos, depois de o haver aplaudido como homem de grande senso e progresso. Pode, pois, ter-se senso comum e crer nos Espíritos." |