Biografias
Biografia de Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci (1452 - 1519)
"Os meus segredos." Era assim que, em 1482, um jovem artista se referia às suas aptidões, em carta enviada ao duque de Milão, Ludovico Sforza. Num tom frio e calculado, ele oferecia seus serviços para tempos de guerra e de paz. Dizia-se capaz de construir pontes portáteis para perseguir o inimigo, cavar túneis por baixo de rios e destruir fortalezas. Afirmava ter inventado um novo tipo de bombarda, uma carreta blindada e um navio à prova de bombas. Também tinha planos para a construção de estranha arma submarina de defesa e ataque. Além disso, proclamava que, em época de paz, poderia realizar obras de pintura e escultura ao nível de qualquer artista importante da época.
Ludovico mandou chamar o audacioso jovem que lhe escrevera e, assombrado, pôde confirmar a universalidade de seus conhecimentos. Leonardo da Vinci não exagerara sua apresentação; aliava a uma personalidade fascinante a capacidade de escultor, pintor, arquiteto, engenheiro, músico, anatomista, matemático, naturalista, inventor, astrônomo e filósofo.
Explorador de todos os ramos do conhecimento, Leonardo não concebia limites para seus sonhos ou fantasias. E disso resultou sua glória e tragédia. Idealizou inúmeros projetos, mas completou apenas alguns. Abandonava os trabalhos ao perceber que a execução não correspondia ao desejado. Sua vida foi repleta de fragmentos de obras, alguns extraordinários. Pouco antes de morrer, escreveria amargurado: "Nunca terminei um só trabalho".
Contudo, deixou cinco mil páginas de manuscritos que abrangem temas tão diversos como as causas das marés, o mecanismo do movimento do ar nos pulmões, os hábitos noturnos das corujas, as leis físicas da visão humana e a natureza da Lua. Apresentou, também, planos de urna máquina voadora, uma série de teoremas geométricos, diversos estudos hidráulicos, projeto para uso do vapor como meio de propulsão, poemas, fábulas e máximas filosóficas. Seu trabalho é completado por obras consagradas pela história da Arte, como a Mona Lisa e a última Ceia. (Pintou ainda: Baco, São João Batista, Leda, Santana, a Virgem e o Menino e A Virgem dos Rochedos.)
Leonardo nasceu a 15 de abril de 1452, na pequena vila de Vinci, perto de Florença. Filho ilegítimo de Piero da Vinci, escrivão do modesto vilarejo ao norte da Itália, manteve-se sempre muito apegado ao pai e à mãe, Caterina, que se casou, posteriormente, com Pieró del Vacca.
O extraordinário e diversificado talento de Leonardo manifestou-se nos primeiros anos de vida: belo e forte, era excelente esportista - ótimo nadador e cavaleiro; engenhoso artesão e mecânico, logo revelou seus dons inventivos; o desenho e a pintura também atraíram seu interesse, demonstrando seus dotes artísticos.
Em 1470, Piero da Vinci levou alguns desenhos do filho a Andrea del Verrocchio, célebre professor, embora um tanto medíocre como pintor. Del Verrocchio percebeu o talento de Leonardo e recebeu o jovem de dezoito anos em sua casa, corno aprendiz. Até 1477, Leonardo permaneceu sob a orientação do professor, aprendendo não só os segredos da pintura e da escultura, mas também técnicas artesanais (como as de ferreiro e de mecânico).
Os passos seguintes da vida de Leonardo não podem ser estabelecidos com muita precisão. Sabe-se, entretanto, que, após deixar o estúdio de Verrocchio, permaneceu vários anos em Florença, como protegido de um Medici, Lourenço, o Magnífico.
Talvez impelido por seu espírito aventureiro, ou por considerar que os conterrâneos não estavam apreciando devidamente seu talento (o projeto que elaborara para a canalização do Arno fora rejeitado por Lourenço), Leonardo resolveu mudar-se para Milão, onde Ludovico Sforza, o Mouro, tinha-se firmado no poder. E escreveu-lhe a carta de apresentação de suas habilidades.
Segundo alguns biógrafos, o principal :motivo da acolhida de Ludovico a Leonardo foi um projeto para erguimento de uma estátua em homenagem a Francesco Sforza, pai do duque. Outros historiadores, porém, afirmam ter sido o duque atraído sobretudo pelas habilidades musicais de Leonardo.
Em Milão, Leonardo pintou a Última Ceia, considerada por muitos sua obra prima. Conta-se a esse respeito que, impaciente com a demora de Leonardo em terminar essa obra, o prior do convento de Santa Maria delle Grazie (onde estava sendo executada) foi queixar-se ao duque Ludovico. Chamado ao palácio para as devidas explicações, Leonardo citou, entre os vários motivos para a delonga, a dificuldade de encontrar um modelo para fazer a figura de Judas. Afirmou então, que, se não houvesse outro recurso, tomaria por modelo o prior impaciente e importuno. O sacerdote calou-se e o artista pôde terminar sossegado o seu trabalho.
Em 1499, quando Milão foi conquistada por Luís XII, Leonardo abandonou a cidade. Depois de breve permanência em Mântua, onde contou com a proteção da duquesa Isabella Gonzaga, dirigiu-se a Veneza, residindo aí até abril de 1500. Informado da derrota definitiva e prisão do duque Ludovico Sforza, desistiu de voltar a Milão e seguiu para Florença. Só voltaria àquela cidade em 1506, a convite de Charles d'Amboise, marechal de Chaumont, e braço-direito do rei da França na Lombardia. Mas, em setembro do ano seguinte, regressou a Florença para resolver um problema de família: a divisão dos bens de seu pai, que falecera sem deixar testamento. Permaneceu na terra natal até 1511, fazendo nesse período amizade com Francesco Melzi, a quem confiaria, ao morrer, todos os seus manuscritos.
Em 1512, Leonardo resolveu transferir-se para Roma, onde havia intenso movimento cultural. Além disso, Leão X - um Mediei recém-eleito papa era seu grande admirador desde os primeiros tempos de Florença, e arranjou-lhe local adequado para seu trabalho e de seus alunos.
Aparentemente favorável, o ambiente romano acabou se revelando adverso a Leonardo. Talvez interessado na compressibilidade dos gases, mandava secar vísceras de animais e, enchendo-as de ar, por meio de um fole de ferreiro, estudava-lhes o comportamento. Mas, além de suas experiências científicas serem mal interpretadas, uma geração mais jovem - que tinha como expoentes Michelangelo e Rafael - conquistava as preferências dos nobres. Não hesitou, portanto, em aceitar o convite de Francisco I (sucessor de Luís XII no trono da França) para morar em Cloux, perto de Amboise, no castelo com que o soberano o presenteara.
Na França, Leonardo viveria seus últimos dias. Morreu a 2 de maio de 1519, após receber os sacramentos da Igreja - e, ao que se conta, nos braços do rei Francisco I.
Em Florença, Milão, Roma ou Amboise - onde quer que estivesse Leonardo tinha sempre um hábito: reunir pequena multidão em praça pública, para expor suas idéias de engenheiro, pintor, escultor, Filósofo, músico ou poeta. Ele sabia prender seu público com anedotas e fábulas espirituosas que inventava, e com as músicas que tirava com grande perfeição de sua lira. "Quem não ama a vida não a merece", dizia ele.
Mais do que com anedotas e músicas, Leonardo deixava o público boquiaberto com seus ambiciosos e mirabolantes projetos de máquinas para fazer o homem voar, de barcos capazes de navegar sob a água, de infernais armas de guerra. O "engenheiro" ia mais além, ao profetizar conquistas só alcançadas vários séculos depois:
"Com pedra e ferro, tornar-se-ão visíveis coisas que não aparecem." "Homens falarão a outros de longínquos países e obterão respostas."
Os projetos de Leonardo ficaram famosos pela audácia: os estudos sobre o vôo das aves e a concepção de que o homem poderia um dia voar imitando a habilidade dos pássaros não foram as únicas. idéias grandiosas que se tornaram realidade quando a técnica alcançou o necessário desenvolvimento.
Em 1502, contratado como engenheiro por César Bórgia, Leonardo viajou por toda a Itália central, projetando e fiscalizando obras, corno a construção de canais e a restauração do palácio de Frederico II. Os estudos sobre drenagem de pântanos, os mapas minuciosamente desenhados, os esquemas sobre o canal do porto de Cesenatico atestara sua vasta atividade nessa época. Na França, Leonardo desenhou a planta de um palácio e projetou um canal para ligar o Loire ao Saône.
Para Leonardo, a pintura era uma ciência, enquanto a escultura não passava de uma "arte mecanicíssima". Por encarar a pintura como ciência, foi levado a estudar a fundo a Cinemática, visando dar às suas figuras uma perfeita idéia de movimento. Defendia que, para conhecer o movimento dos organismos vivos, era necessário primeiro estudar o movimento em si, independentemente da vida ou da vontade. Procurou, então, interpretar o movimento dos corpos inanimados, observando mesmo, com auxílio de instrumentos, o deslocamento dos corpos celestes.
A partir dessas observações, Leonardo intuiu as idéias de impulso e quantidade de movimento: "Impulso é impressão de movimento transferido do motor ao móvel".
Analisando-se acuradamente os textos de Leonardo chega-se à conclusão de que ele concebeu também o princípio da inércia, embora sem o rigor que caracterizaria o enunciado de Galileu - o primeiro a dar uma explicação racional e fundamentada para os movimentos e suas causas.
Leonardo limitou-se a teorizar vagamente sobre movimento e força, usando termos como "impressão de movimento" e "potência":"Nenhuma coisa se move por si mesma, mas seu movimento é produzido por outros." "Todo movimento espera ser mantido, ou seja, todo corpo em movimento move-se enquanto conserva a impressão da potência de seu motor."
Para a física moderna, o enunciado de Leonardo que mais se aproxima do princípio da inércia ("Todo corpo isolado permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme") prende-se a suas conjeturas sobre o centro da Terra - que ele definia como ponto para o qual todos os corpos são atraídos. Reconheceu que, uma vez aberto um túnel de uma extremidade a outra de um diâmetro da Terra, um corpo jogado num dos extremos não pararia no centro terrestre, mas continuaria seu movimento, devido ao que ele chamava de "ímpeto". E isso pode ser interpretado como decorrência da lei da conservação do momento (ou quantidade de movimento), que eqüivale à lei da inércia.
Mas nem todas as idéias de Leonardo sobre a gravidade foram corretas: muitas delas refletiam ainda fortes influências do dogmatismo aristotélico, que sé seria definitivamente abandonado, em favor do racionalismo de Galileu e Newton, no século XVII.
Os estudos de Leonardo sobre mecânica dos fluidos apresentam um destaque especial em sua obra. Tinha várias idéias sobre a forma de remover a água de um lugar para outro e comprovou seus conhecimentos de Hidrodinâmica com projetos para a construção de canais. Para tanto, estudou extensamente o movimento dos corpos através dos fluidos e discutiu os movimentos da água devidos à gravidade (ela tende sempre a dirigir-se ao local mais baixo). Formulou teorias sobre a formação das chuvas, tendo observado o congelamento da água e a evaporação devida ao calor.
Como inúmeros estudiosos de sua época, Leonardo buscou uma resposta para a questão: por que existe água no alto das montanhas? Em seu tempo ainda vigorava a teoria dos antigos filósofos gregos, segundo a qual o Universo seria formado pelos elementos terra, água, ar e fogo, dispostos nessa ordem. Assim, a terra estaria na parte "mais baixa", logo acima viria a água, seguida dos dois outros elementos.
A teoria explicava a existência de fontes no alto de montanhas admitindo que a superfície dos oceanos estaria acima do pico da mais alta montanha, sendo natural, portanto, que a água chegasse até lá, por canais subterrâneos.
Leonardo chegou a compartilhar essa explicação, calculando inclusive o desnível entre um mar e outro. Abandonou-a, no entanto, por chegar à conclusão contrária: considerou a água "embaixo" e afirmou que a superfície dos mares está em nível inferior ao das terras firmes. "O mar", dizia ele, é eqüidistante do centro da Terra e é a mais baixa superfície do mundo."
Ao colocar a água "embaixo" e a terra "em cima", Leonardo teve dificuldades em dar explicação para a existência de água no alto das montanhas. Tentou uma analogia com o que ocorre no corpo humano: "Assim corno o suor e o sangue sobem à superfície da face com o calor, é também pelo calor que a água "sobe pelas entranhas da Terra". Para demonstrar sua teoria, pôs uma bacia cheia de água dentro de um forno aquecido na parte superior. Com o calor, a água "subia" (evaporava-se) e saía por um tubo lateral.
Leonardo pensou em escrever um tratado sobre a água, mas deixou apenas anotações. Nelas indica explicitamente que o escoamento de um líquido num tubo ou num canal de seção irregular será mais rápido nas partes mais estreitas que nas mais largas. E exemplifica: "Se uma multidão caminha por um corredor em cujo extremo há duas saídas, uma dando passagem para um só homem e outra para quatro, é necessário que os que passam pela primeira o façam quatro vezes mais rapidamente do que os que vão pela segunda, para que o escoamento seja uniforme nas duas aberturas".
Leonardo reconheceu também a flutuabilidade dos cornos menos densos nos mais densos. Intuiu ainda o princípio da sustentação do "mais pesado que o ar", como conseqüência do movimento relativo (que estabelece uma diferença de pressão). Fez estudos sobre o vôo dos pássaros, acompanhando-os de desenhos muito pormenorizados; formulou teorias sobre a sustentação e a resistência, e suas hipotéticas aplicações num engenho que fizesse o homem voar.
Embora aceitasse a idéia dos quatro elementos (terra, ar, água e fogo), ainda em voga na Idade Média, Leonardo refutou com seu raciocínio crítico muitas das fantasias que envolviam a organização e constituição do Universo. Não acatou, por exemplo, a teoria de Ptolomeu, segundo a qual o Universo seria formado de esferas concêntricas, tendo como centro a Terra, girando umas em torno de outras. Segundo Leonardo, o movimento relativo acabaria desgastando essas esferas.
Contestou igualmente a afirmação do filósofo grego Heráclito de Éfeso de que o Sol teria apenas 33 centímetros de diâmetro. Analisando os eclipses da Lua e o enorme curso do Sol, concluiu que esse astro não poderia ser tão pequeno assim.
Comparando a cor da luz solar com a do bronze fundido (tanto mais branco quanto mais quente), invalidou as teorias que defendiam ser o Sol uma estrela fria, pela simples razão de não exibir "cor de fogo".
Observou ainda que os raios solares atravessam o ar e a água (esta, em pequenas quantidades) sem sofrer absorção. Concluiu que os planetas, ainda chamados de estrelas, não têm luz própria, mas refletem a do Sol.
Enganou-se, entretanto, ao supor que a Lua não era atraída para a Terra, como as demais "coisas", por constituir em si mesma um "astro completo", possuindo terra, água, ar e fogo. A explicação para a permanência do satélite em sua órbita (decorrente do princípio da inércia) escapou inteiramente a Leonardo da Vinci.
"Este cavalheiro estudou anatomia mais do que qualquer pessoa, demonstrando por meio de desenhos a estrutura dos músculos, nervos, veias, juntas e intestinos de corpos, tanto de homens como de mulheres", dizia De Beatis a respeito de Leonardo, depois de visitá-lo no castelo de Cloux.
Como artista que levava o desejo da perfeição aos limites da obsessão, Leonardo estudou profundamente a anatomia, não só humana como de animais,
principalmente de cavalos. Segundo o testemunho de De Beatis, dissecou "mais de trinta corpos de homens e mulheres de todas as idades", numa época em que a dissecação era prática rara e mesmo mal vista, tendo sido condenada pelo papa Leão X.
Pesquisou a estrutura dos ossos, representando, em figuras, o tórax, a bacia, a coluna vertebral e o crânio que dissecou e desenhou segundo planos que ainda costumam ser usados em atlas anatômicos.
Examinou e descreveu os espaços vazios do maxilar superior e do osso frontal; observou alterações ósseas com a idade do indivíduo; estudou a posição dos ossos (particularmente dos artelhos) durante o movimento. Dedicou cento e quarenta desenhos à localização dos diversos músculos, que classificou em voluntários e involuntários; estudou a posição relativa de vasos, músculos e nervos.
Descobriu a glândula tiróide, embora não tenha entendido seu funcionamento. Percebeu a existência de outras glândulas, tendo-lhe escapado, no entanto, o pâncreas.
Analisando o sistema urogenital, fez observações notáveis sobre a placenta, o cordão umbilical e as vias de nutrição letal. Examinou ainda o sistema nervoso central e periférico, bem como os órgãos dos sentidos.
Estudou o coração, concluindo que esse órgão é massa muscular alimentada por artérias, possuindo veias, como os outros músculos.
Curiosamente, em Fisiologia, Leonardo não teve a mesma lucidez que em Anatomia. Alguns autores atribuem-lhe a descoberta da circulação sangüínea, mas, embora ele tenha descoberto todos os pormenores do aparelho circulatório, inclusive veias capilares, não chegou a perceber a função do coração como bomba propulsora do sangue. E isso talvez se devesse à analogia que fazia questão de ressaltar entre o sangue nos animais, a seiva nas plantas e a água no "corpo" da Terra.
Impressionado com sua descoberta de 24 músculos na língua, procurou analisar a posição desse órgão, dos lábios, dentes, traquéia e cordas vocais na pronúncia dos diversos fonemas, especialmente das vogais. Sejam ou não verdadeiras ou fundamentadas suas teorias, é notável que ele tenha se preocupado com assuntos ligados à Foniatria e Fonoaudiologia - ramos que foram estruturados como disciplinas científicas somente no século XX, e cujo campo de pesquisa é ainda muito vasto.
A Botânica também constituiu objeto de estudo para Leonardo. Conhecia certas propriedades dos vegetais, estudou a origem dos ramos menores a partir dos maiores, e a influência do ar, da luz solar, do orvalho e dos sais da terra na vida das plantas.
A Química (na época, ciência rudimentar) também mereceu a atenção de Leonardo, que desenvolveu estudos sobre transformações das substâncias. Realizou, ainda, experiências sobre a elasticidade e compressibilidade dos corpos, e reconheceu a água como incompressível.
Atribuiu grande importância à aplicação da Matemática para expressar as leis físicas, afirmando que "investigação alguma pode ser chamada de verdadeira ciência se não passar pelas demonstrações matemáticas". Menosprezava as ciências meramente verbais, dizendo que elas morrem ao nascer, e aconselhava que o estudo de uma ciência devia preceder qualquer de suas aplicações práticas.
Um aspecto curioso de grande parte dos manuscritos de Leonardo ilustra uma faceta de sua estrutura de pensamento: sendo ambidestro, ele escrevia as linhas tanto da esquerda para a direita como vice-versa. O modo incomum de redigir tornava mais difícil a leitura de seus manuscritos (era necessário recorrer a um espelho), mas, segundo Stefano De Simone, essa intenção escapou inteiramente a Leonardo. Ao escrever com a mão direita, ele expressava os resultados do estudo e da reflexão crítica; escrevendo com a mão esquerda, da direita para a esquerda, traduzia o que lhe vinha à mente espontaneamente.
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